Marcel Rizzo: “Pelé-58, Ronaldo-94, Kaká-2002. Por que não Vinicius Jr. na Copa em 2018?”

Pelé foi convocado para defender a seleção brasileira na Copa do Mundo da Suécia, em 1958, aos 17 anos. Na reserva nas duas primeiras partidas, estreou contra a União Soviética, no decisivo confronto da primeira fase. Não fez gol nos 2 a 0, mas se consolidou no time e foi protagonista até o título.

Franzino, Ronaldo demonstrou um talento absurdo próximo ao gol quando apareceu no Cruzeiro em 1993. Um ano depois, Carlos Alberto Parreira o colocou entre os 23 que levou para a Copa dos EUA. Ele não jogou um minuto no calor americano, mas aprendeu o que é um Mundial ao lado de atletas diferenciados como Romário e Bebeto. Por três vezes, depois, foi o melhor do mundo pela Fifa (1996, 1997 e 2002), e atuou nos principais clubes do mundo.

Em 2002, ano do Penta, Luiz Felipe Scolari apostou em um meia-atacante de 20 anos que havia surgido nem seis meses antes. O são-paulino Kaká foi convocado para o Mundial do Japão e da Coreia do Sul, atuou alguns minutos na vitória sobre a Costa Rica (5 a 2), último jogo da primeira fase em que nada valia para o Brasil. Cinco anos depois, no Milan, Kaká foi eleito o melhor do mundo pela Fifa.

Em 1958, Pelé era uma aposta. Havia potencial, mas quem poderia cravar que seria o melhor da história? História que, como apresentado, mostra que a seleção brasileira sempre deu espaço a garotos projetos de craques em Copas do Mundo. E, coincidentemente, quando fez isso levantou o caneco. Nesse ponto chegamos a Vinicius Jr.

Aos 17 anos, o atacante começa a encantar. O flamenguista fez os dois gols da virada sobre o Emelec (EQU), na quarta (14), na primeira vitória de seu time na Libertadores-2018, e ganhou manchetes, elogios e até campanha de torcedores da equipe do Rio para que o Real Madrid pague mais pelo atleta.

Em maio do ano passado, o milionário time espanhol acertou a compra da revelação por 45 milhões de euros (R$ 182 milhões), em uma transação cara para um atleta de então 16 anos, mas que pode se tornar uma barganha se o garoto se transformar em fenômeno. Vinicius deve ir para Madri somente em agosto de 2019, apesar de que, se assumir a titularidade ainda esse ano, não seja impossível o Real solicitar, com a anuência do atleta, a antecipação da viagem.

Vinicius já teve chance em seleções de base da CBF, algumas vezes acabou cortado de eventos justamente por já fazer parte do profissional do Flamengo e estar vendido ao Real Madrid. Na principal, nem foi cogitado. Há opções mais experientes em melhor fase do que ele atualmente? Sem dúvida. Tite tem apostado em jogadores que tem qualidade e, principalmente, que ele confia.

Mas por que não dar chance em uma Copa do Mundo a um garoto que se apresenta como candidato a fenômeno? Vinícius conviveria com ídolos, como Neymar, e ganharia experiência em um Mundial como Pelé, Kaká e Ronaldo. Não se sabe se ele será o protagonista em 2022, no Qatar, mas se não houver uma lesão mais séria e se a cabeça ajudar, é provável que esteja lá. Imagine se já tiver uma Copa nas costas?

Tite não vai levar Vinicius Jr. O técnico tem o grupo praticamente fechado e, pode-se argumentar, levar um garoto tão cru queimaria um lugar no limitado número de 20 jogadores de linha que serão chamados. Imagine um Brasil x Alemanha, na final da Copa, e a pressão sobre o garoto se precisar ser a solução? Pode-se usar esse argumento, mas que vale também para outros atletas que devem ir, como Firmino, Taison e até Philippe Coutinho, que jamais aturam em uma Copa.

O imediatismo acaba pesando em qualquer decisão técnica. O objetivo de Tite é vencer a Copa de 2018 na Rússia, que começa em junho. Para isso, ele vai levar as armas que considera as melhores, talvez sem dar espaço a testes ou para esse ou aquele ganhar experiência para 2022, afinal vai saber se Tite estará lá. Mas em 1994, o Brasil estava há 24 anos sem levantar a taça, e Parreira apostou em Ronaldo, sabendo que dificilmente iria usá-lo. O mesmo com Felipão em 2002, com Kaká.

Por que não com Vinicius Jr em 2018? Neymar, por exemplo, perdeu essa chance em 2010, quando Dunga optou por não levá-lo (e nem seu companheiro de Santos na época, Paulo Henrique Ganso, apesar de clamor nacional) ao Mundial da África do Sul. Quatro anos depois, em 2014, o atacante do PSG precisou ser o ”cara” do Brasil na Copa em casa, estreando em um torneio no qual já poderia ter experiência.

PS: Como nem sempre tudo dá certo, ao menos uma vez um treinador de seleção brasileira, Sebastião Lazaroni, apostou em um jogador jovem para uma Copa do Mundo e ele não vingou: Bismarck, do Vasco, aos 20 anos foi para a Itália-90 com status de candidato a craque.

Não entrou em campo naquele Mundial, nem em nenhum outro. Fez uma carreira discreta, encerrando no futebol japonês, onde foi ídolo, em 2005.

Reprodução: Blog do Marcel Rizzo

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